DIVÓRCIO & RECASAMENTO – Parte 2
Escrever sobre DIVÓRCIO & RECASAMENTO parece não ter sido uma boa ideia. Eu quase desisti de escrever a parte dois. Para minha surpresa, poucas pessoas questionaram sobre o que escrevi na edição anterior. O tema não deve ter sido tão interessante como pensei que seria, ou fui tão claro e tão convincente que os possíveis opositores preferiram não se manifestar. As únicas pessoas que trataram comigo sobre o que escrevi preferiu fazer pessoalmente para “não me colocar em aperto”.
Acredito que se houve mesmo desinteresse esse não se deu pelo tema em si, mas sim porque muitos estão “tão convictos” do que pensam sobre o assunto, que já nem se dispõem a conhecer outra opinião, nem mesmo a de Deus. E eu não estou desabafando. Estou sendo apenas sincero.
Na edição anterior, eu disse que o DIVÓRCIO é um pecado contra Deus (veja a edição anterior no link http://destaquenewsgospel.com/2015/01/02/divorcio-recasamento/.
Para essa edição, prometi que trataria sobre o sétimo perigo sofrido por quem opta pelo divórcio, que é ter um prato cheio para cometer outro grande e perigoso pecado: o RECASAMENTO.
Quase nenhum divorciado discordará que o divórcio é um fracasso familiar, pois, a priori, ninguém casa sonhando se divorciar. O que em geral não se considera é que se o divórcio foi um erro, o recasamento será um erro ainda maior. Calma! Eu vou explicar o que acabei de dizer.
Antes de citar sobre o que a Bíblia diz sobre o assunto, quero discorrer sobre alguns pensamentos lógicos e ilustrativos.
Imagine a ideia de construir uma casa. Do que eu vou precisar? Bom, antes de qualquer coisa, eu vou precisar de um terreno que seja legitimamente meu. Se o terreno onde eu vá construir a minha casa não for legitimamente meu, a casa sobre ele também não será legitimamente minha.
Mesmo que eu goste da casa que construí, me sinta bem dentro dela e acredite que ela é minha propriedade, na verdade ela não é. Se o terreno não é meu a casa também não é minha.
O divórcio é visto por Deus como um ato de deslealdade (Ml 2.16) praticado por um coração obstinado (Mt 19.8). Logo, construir um novo casamento sobre um ato de deslealdade é construir uma casa num terreno que não é meu.
Agora pense num ônibus. O ônibus da Linha 123. Eu vou até o ponto final desse ônibus. Esse é o meu ônibus e o ponto final é o meu ponto. Eu peguei o ônibus da Linha 123, mas desci no ponto errado; dez pontos antes do ponto final.
Imediatamente após descer, eu percebi que não era o ponto certo. Então? O que devo fazer diante disso? Voltar para o mesmo ônibus e seguir até o ponto final. Simples ou não, é assim que deve ser! Na pior das hipóteses, se eu não conseguir pegar esse ônibus novamente, eu devo seguir o resto da minha jornada a pé. Não existe alternativa. Se eu optar, por um ônibus diferente (o da Linha 456, por exemplo) paro em qualquer outro lugar, menos no ponto final do ônibus da Linha 123, como eu queria.
O ponto final de quem se casa fica num lugar chamado – “até que a morte os separe”. Mas o divorciado é alguém que desceu num ponto bem antes do ponto final. O que ele deve fazer? Simples ou não, ele deve voltar para aquele ônibus do qual desceu e terminar sua jornada. Se ele pegar outro ônibus, ainda que seja um mais luxuoso ou mais bonito, ele não vai terminar no ponto certo.
Ainda hoje estive num casamento civil de um membro da minha igreja, onde fui muito tocado por Deus diante da palavra da Juíza. Ela demostrou entender tão bem sobre família que parecia ser uma serva de Deus. Em suas palavras ela disse: “Vocês hoje estão assinando um contrato sem prazo de validade. Ele vai durar até quando vocês quiserem que ele dure. Nunca esqueçam do sentimento e das razões que trouxeram vocês até aqui e eu tenho certeza que vocês serão felizes, pois, esse amor vai durar para sempre”.
As ilustrações acima somadas à palavra da Juíza, corroboram com o pensamento bíblico acerca do recasamento. Para Deus, se o divórcio foi uma decisão imprópria, independente de qual seja o caso, o recasamento é uma decisão descabida. Aceitar que Deus “tolera” o divórcio não significa admitir que ele aprove o recasamento.
Segundo o pastor Finis Jennings Dake, em seu comentário bíblico publicado no Brasil por uma parceria entre Editora Atos e a CPAD, Bíblia de Estudo Dake, Edição de 1995, pág. 352, comentário do capítulo 24 de Deuteronômio, diz que “em Israel, o direito do divórcio era também o direito de casar novamente”. Se isto era verdade, o que eu não duvido, quem recebia a autorização para o divórcio, automaticamente, já entendia que podia casar novamente.
No tempo de Jesus o divórcio, com o consequente recasamento, era um comportamento social cada vez mais tolerado. Herodes casou com a mulher do seu irmão (Mc 6.18); em Samaria, uma mulher foi esposa de cinco homens e, no dia em que conheceu Jesus, já estava casada com um sexto que tinha sido marido de outra que ainda vivia (Jo 4.17-18). Naquele tempo esse assunto já causava muita polêmica.
Apesar da ordem de Deus contra o divórcio ser clara, toda polêmica sobre o assunto se dava porque Moisés tinha autorizado uma exceção para o divórcio (Dt 24.1-4).
Sem temer o debate, Cristo logo ratificou dizendo que, quando o assunto é casamento, vale o que Deus disse no Éden: “Serão ambos uma só carne”. E acrescentou: portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem (Mt 19.4-6). Para qualquer fiel do mundo a resposta já estava completa. Jesus não chamou as palavras de Moisés para a questão, mas os fariseus estavam ali para polemizar. E polemizaram. Por isso perguntaram: “então por que Moisés autorizou?”
A resposta do Mestre revela ira. Eu o vejo aborrecido com a pergunta. Ele já previa isso. Sua resposta foi curta e grossa: “Moisés autorizou, mas não era para ter autorizado. Ele só fez isso por causa da dureza do vosso coração. No princípio não era assim. Deus nunca quis assim” (Mt 19.8 – tradução livre).
Nós queremos complicar. Jesus queria simplificar. Ele então decreta: “A partir de agora, esqueçam o que Moisés disse porque eu assim digo: Qualquer tipo de divórcio que não seja por relação sexual ilícita, será considerado como adultério” (Mt 19.9 – tradução livre). E todos se calaram desde então. Os fariseus não ousaram questionar mais nada e se retiraram da cena.
Aos olhos de todos, a reposta de Jesus foi tão “severa”, que os seus discípulos, fora da vista dos fariseus, retomaram a questão. Parece que eles não queriam acreditar no que ouviram, por isso pediram para Jesus confirmar se “aquilo” era aquilo mesmo. E Jesus confirmou.
“Se é desse jeito” – disseram os discípulos – “então, é melhor nem casar!”.
Jesus não discordou deles e ainda acrescentou: “Se alguém se divorciar da sua mulher e casar com outra comete adultério contra a primeira. O mesmo vale para a mulher que se divorciar do seu marido” (Mc 10.12-13 – tradução livre).
Não me espanto em ver os discípulos tentando demover o Senhor daquela decisão. Até aquele dia, os homens gozavam de grandes vantagens sobre as mulheres. Eles achavam que podiam deixar suas mulheres, enquanto elas nada podiam. O esforço empregado pelos religiosos daquele tempo era encontrar novas “brechas” na lei para facilitar suas migrações conjugais. Mas, diante de Jesus, ao invés de acharem mais uma brecha, descobriram que a única que existia foi fechada. O plano original de Deus foi restaurado em Cristo. Agora não há mais brecha e a mulher ainda é elevada ao mesmo nível de direitos e deveres do homem.
Eu me espanto que o que vejo hoje. Depois de tanto tempo que o caso foi encerrado, estamos novamente usando a mesma estratégia dos fariseus e dos discípulos: encontrar uma brecha na vontade de Deus para que possamos impor a nossa vontade sobre a dEle. De algumas décadas para cá, voltamos a lutar contra Deus na expectativa de poder fazer migrações conjugais.
O sentimento que vejo em muitos quando digo que não existe opção para um segundo casamento enquanto o primeiro cônjuge vive, é de injustiça. Eles alegam que isso não é justo. Poder casar somente uma vez não é justo. É assim que muitos pensam.
“Pastor, eu casei errado!” – me dizem – “Será que é justo? Só porque errei, agora estou condenado a morrer sozinho? Em geral, não importa o que eu diga sobre isso, eles não aceitam ouvir a verdade. Para eles a verdade não é justa.
Esse desconforto tem a mesma base de queixa apresentada pelos espíritas quando afirmam que a reencarnação é uma questão de justiça. Na opinião deles, uma vida só é pouco.
– E quem errou nessa? Está condenado para sempre? Não é justo! – afirmam os espíritas. Não importa o que digamos.
Diante disso, temos que lembrar que: VALE O QUE ESTÁ ESCRITO, COMO ESTÁ ESCRITO.
A brecha que estamos tentando abrir, de umas décadas para cá, é conhecido pelo nome de ADULTÉRIO. Convencionamos que, se o cônjuge nos trair, estamos “livres” para casar de novo. Erro!
Mas eu só falo disso na próxima edição.