Com mais de 6 000 casos no ano, a cidade de São Paulo bateu o recorde histórico de número de registros de dengue, segundo novo balanço divulgado nesta quinta-feira pela Secretaria Municipal da Saúde. A prefeitura confirmou mais uma morte pela doença — já são cinco óbitos neste ano. De acordo com o levantamento, a cidade registrou 6 005 casos entre 1.º de janeiro e 21 de maio. O recorde anterior, de 5.866 registros, verificado em todo o ano de 2010.
Em relação ao mesmo período do ano passado, o número de casos triplicou. Nos cinco primeiros meses de 2013, houve 1.794 registros, e 2.617 casos no ano todo. Em comparação com o mesmo período de 2010, recorde anterior, o número dobrou — naquele ano, foram 3.046 casos entre janeiro e maio.
A quinta morte por dengue ocorreu em 24 de abril. A vítima foi uma mulher de 33 anos, moradora do bairro Capela do Socorro, na Zona Sul da capital, segundo a Secretaria Municipal da Saúde. As outras quatro mortes divulgadas haviam sido registradas nos bairros do Jaguaré (Zona Oeste) e Tremembé (Zona Norte), que têm alta incidência da doença. Em todo o ano passado, a capital registrou duas mortes por complicações da dengue.
Segundo a Secretaria da Saúde, em comparação com o balanço divulgado na semana passada, o aumento do número de notificações foi de 17,9%, superior ao índice observado no balanço da semana anterior, quando a alta registrada havia sido de 13%.
Alerta — Dos 96 distritos do município, 93 registraram transmissão da doença. Desses, 27 têm nível de transmissão em alerta e quatro estão em nível de emergência: Jaguaré (844 casos), Rio Pequeno (425), Lapa (365) e Tremembé (347). A Prefeitura afirma que, como a dengue segue avançando, as ações de combate aos criadouros do mosquito estão sendo realizadas em toda a cidade. De acordo com a Secretaria, até o próximo domingo, treze subprefeituras das zonas Leste e Norte receberão medidas de combate aos criadouros e nebulização. Na Zona Oeste, a estimativa é de que 3 000 imóveis sejam vistoriados até a próxima terça-feira.
Como a dengue é transmitida?
O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. O inseto, se infectado, introduz o vírus no sangue humano. O Aedes aegypti contaminado é capaz de passar a doença para tantas pessoas quanto ele picar.
Em qual parte do dia o mosquito pica mais?
Segundo Ésper Kallás, infectologista do Hospital Sírio-Libanês, o mosquito transmissor da dengue tem o hábito de picar com mais frequência no início da manhã e no final da tarde, mas isso não quer dizer que uma pessoa não possa ser picada em outros períodos do dia.
É possível ser picado mesmo com roupa?
“O mosquito que transmite a dengue consegue picar uma pessoa mesmo se ela está vestida – a não ser que a roupa seja muito grossa, como uma blusa de lã”, explica a infectologista Thaís Guimarães, da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Todos que são picados desenvolvem a doença?
Não, nem todas as pessoas picadas pelo mosquito Aedes aegypti desenvolvem os sintomas da dengue. Se o mosquito não estiver contaminado, consequentemente o indivíduo também não receberá o vírus e não terá a doença. Além disso, algumas pessoas infectadas não apresentam sintoma algum da dengue — segundo o infectologista Ésper Kallás, a medicina ainda não sabe por que isso ocorre.
Quais são os sintomas característicos da dengue?
Os sintomas mais comuns da dengue clássica incluem febre alta, dores no corpo, de cabeça, atrás dos olhos e nas articulações, além do aparecimento de manchas pelo corpo. Diferentemente do resfriado comum, a dengue não afeta o aparelho respiratório do paciente – ou seja, não provoca tosse ou coriza.
Quanto tempo leva para os sintomas da dengue aparecerem?
O período entre a picada do mosquito transmissor do vírus da dengue e o surgimento dos sintomas da doença varia entre três e treze dias, em média.
Por quantos dias os sintomas da dengue persistem?
Em geral, os sintomas duram até uma semana — exceto na forma hemorrágica da doença. Nesse
er dengue uma vez deixa a pessoa imune a uma segunda picada?
Não. Cada pessoa pode apresentar dengue até quatro vezes, que é o número de tipos do vírus que causam a doença. Quando infectadas por um deles, as pessoas se tornam imunes a essa variedade do vírus, mas não às outras.
Por que ter dengue pela segunda vez é mais perigoso?
Ter dengue pela segunda (terceira ou quarta) vez é mais perigoso à saúde porque o risco de a doença evoluir para a forma hemorrágica se torna muito maior. Segundo a infectologista Thaís Guimarães, quando uma pessoa é contaminada novamente pelo vírus da dengue, a reação de seu sistema imunológico é muito mais agressiva e capaz de desencadear esse processo hemorrágico. “Pessoas com dengue pela primeira vez podem ter dengue hemorrágica, mas isso é muito raro”, diz a médica.
Qual é a diferença entre a dengue comum e a hemorrágica?
A dengue é uma doença única. Sua forma hemorrágica ocorre quando o problema evolui de sintomas leves ou moderados, como febre e dores de cabeça, para sangramentos, que podem acontecer desde na gengiva até nos órgãos gastrointestinais. Segundo o infectologista Ésper Kallás, cerca de 1% dos casos de dengue são do tipo hemorrágico. Os sinais que podem indicar que uma pessoa está com dengue hemorrágica incluem sangramentos (na gengiva, genitais e nariz, por exemplo), vômito, dor muito forte de barriga, diarreia persistente, manchas pelo corpo e tontura.
Como a dengue é tratada?
Não há um tratamento específico contra a dengue. O que existe são formas de combater os sintomas da doença – ou seja, medicamentos que atenuam as dores, as febres ou terapia intensiva para combater a hemorragia. Formas mais leves da enfermidade geralmente são tratadas com hidratação e repouso, e sintomas mais relevantes, com analgésicos e antitérmicos. A internação hospitalar é necessária em casos mais graves, com hemorragia.
Como prevenir a dengue?
Para evitar a dengue, é preciso combater o mosquito que transmite o vírus da doença. Isso inclui eliminar focos de água parada e acúmulo de lixo. O uso de repelentes e produtos químicos que evitam o inseto também ajuda. (Com Estadão Conteúdo) Fonte : Veja