Alunos da Gama Filho se mobilizam contra fechamento da universidade
Estudantes e professores querem que MEC assuma gestão.‘Transferência assistida’ deixa alunos apreensivos com futuro.
Os alunos da Universidade Gama Filho (UGF) e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) prometem se mobilizar para tentar reverter a decisão do Ministério da Educação (MEC) de descredenciar as duas instituições. Eles agendaram para as 17h desta terça-feira (14) uma manifestação no Centro do Rio. A intenção deles é protestar em frente ao prédio do Ministério Público, para que o órgão intervenha nessa situação.
“Covardia. Não tem outra palavra para essa atitude do MEC. O ministério prefere fechar uma instituição e prejudicar a vida de milhares de pessoas a assumir as duas universidades”, avaliou Anderson Diniz Lamas de Faria, coordenador-geral dos cursos de exatas no Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UGF.
“O ministro da Educação acha que punir os alunos é a solução. Para os que estão se formando, é ainda pior. No meu caso, que estou no último período, não sei o que vou fazer. Era para eu ter me formado em dezembro”, disse Cristiano Wallas, aluno do 9° período de engenharia elétrica da UFG.
Tanto Anderson quanto Cristiano afirmaram ter esperança de que o MEC recue e assuma a gestão das duas universidades, garantindo o prosseguimento normal dos cursos.
A opinião dos alunos é compartilhada pelo presidente da Associação dos Docentes da UFG, Crisóstomo Peixoto. Há 40 anos, ele dá aulas na instituição e se diz inconformado com o descredenciamento.
“O que me deixa indignado é que a Gama Filho é uma coisa, a Galileo é outra. Quem deu a mantença (autorização) a esse grupo foi o MEC, que agora tem que assumir a situação. Mas o ministro decidiu punir a universidade, não esse número minoritário de pessoas que tem o poder de cuidar da parte financeira e deixou a instituição chegar a essa situação”, apontou.
Peixoto fez críticas severas à gestão da Galileo. Ele destacou a história da Gama Filho, que ao longo de mais de 70 anos de história formou profissionais que se tornaram nacionalmente e internacionalmente conhecidos.
“Eu vejo muita incapacidade de pessoas que estão ocupando cargos nessa mantenedora e que não são educadoras. Elas estão tirando o planejamento de milhares de famílias e de jovens que sonhavam em se formar”, ressaltou o professor.
‘Transferência assistida‘
Com o descredenciamento, o MEC lançará um edital público, no prazo de até cinco dias úteis, para convocar universidades que tenham condições e interesse em receber os alunos das duas instituições fechadas. A chamada “transferência assistida” tem como objetivo facilitar o processo de mudança de universidade que deverá ser feito pelos estudantes.
“Esse nome é muito bonito. Mas como eles vão fazer a transferência de mais de 10 mil alunos, 2 mil deles só de medicina?”, questionou Peixoto.
“A transferência assistida é nebulosa”, disse Anderson, do DCE da UFG. Ele ressaltou que a maioria dos estudantes que conseguirem transferência terá dificuldade de adequação curricular, o que deverá atrasar ainda mais a conclusão do curso.