Dia da Reforma Protestante: entenda a origem do movimento celebrado em 31 de outubro
Data comemora o início da Reforma Protestante, um movimento religioso que teve um grande impacto na igreja cristã e na história europeia
O Dia da Reforma Protestante, também conhecido como o Dia de Martinho Lutero, é celebrado em 31 de outubro e comemora o início da Reforma Protestante, um movimento religioso que teve um grande impacto na igreja cristã e na história europeia.
Entre os legados que a Reforma Protestante tenha nos deixado está também a liberdade de expressão,, pilar da democracia . Neste ano de 2023, no dia 31 de outubro, é celebrado o aniversário dos 506 anos da Reforma Protestante.
A história relata que, em 1517, um monge alemão, Martinho Lutero, indignado com a exploração financeira da fé em sua época, afixou 95 teses na porta da Igreja de Wittemberg, na Alemanha, e este momento é conhecido como o período que deu início ao processo da Reforma Protestante.
Biografia de Martinho Lutero
Martinho Lutero nasceu em Eisleben, Alemanha, em 10 de novembro de 1483. Filho de Hans Lutero e Margarethe Lindemann, ele estudou nas escolas de Mansfeld, Magdeburgo e Eisenach, pois seus pais queriam vê-lo como funcionário público para melhorar as condições financeiras da família. Em 1501, Lutero matriculou-se na Universidade de Erfurt, onde se graduou no curso de Filosofia. Atendendo aos pedidos da mãe, ele se matriculou no curso de Direito, na mesma universidade.
Tudo mudou na vida de Lutero em 1505. Enquanto caminhava por uma estrada em direção à casa dos pais, caiu uma grande tempestade com inúmeros raios cortando o céu. Uma descarga elétrica caiu perto dele. Temendo por sua vida, Lutero fez uma promessa a Sant’Ana de que, caso a tempestade parasse, ele se tornaria um monge. Como se o céu atendesse ao seu pedido, a tempestade parou e Lutero cumpriu sua promessa ao ingressar na Ordem Agostiniana.
Ao entrar na Ordem Agostiniana em Frankfurt, no dia 17 de julho de 1505, Lutero dedicou-se fielmente às orações, autoflagelação e meditações. Quanto mais se dedicava à vida religiosa, mais sentia o peso dos seus pecados.
O superior da ordem, Johann von Stauptuioz, percebendo que Lutero precisava de mais trabalhos do que apenas ter uma vida contemplativa, pediu que ele iniciasse sua carreira acadêmica. Em 1507, Lutero foi ordenado padre e, no ano seguinte, começou a lecionar na Universidade de Wittemberg. Além disso, ele aprofundou os estudos sobre o grego e o hebraico para melhor compreender as palavras da Bíblia.
Lutero colaborou na fuga de 12 freiras que escaparam do Convento de Nimbschen. Uma delas, chamada Catarina Von Bora, casou-se com ele em 13 de junho de 1525. Esse casamento incentivou vários padres e freiras a romperem o celibato e casarem-se. Logo após o seu rompimento com a Igreja Católica, Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, permitindo que qualquer indivíduo pudesse fazer a leitura da Sagrada Escritura sem qualquer mediação. O ex-monge morreu de causas naturais em 18 de fevereiro de 1546.
Vida eclesiástica de Martinho Lutero
Reforma Protestante
Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixou na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg 95 teses em que ele questionava as práticas mundanas do clero católico, a avareza e o paganismo que, na visão dele, existiam dentro da Igreja. As teses chamavam para uma disputa eclesiástica sobre elas. Rapidamente, elas se espalharam pela Alemanha e ganharam adeptos. Lutero não questionava abertamente a autoridade do papa para conceder as indulgências, mas, a partir do momento em que as teses foram divulgadas, seu propósito inicial foi interpretado de acordo com o interesse de quem as divulgava.
A Igreja, logo após Lutero afixar suas teses, nos primeiros dias, não tinha levado a sério o que pretendia o padre agostiniano. No entanto, como as ideias começaram a tornar-se conhecidas, o papa Leão X designou o professor de teologia Silvestro Mazzolini para respondê-las em tese acadêmica.
Ao publicar-se a réplica, Lutero respondeu ao teólogo, iniciando o debate sobre a autoridade do Sumo Pontífice. Como a controvérsia não tinha fim e os textos de Lutero, por causa da imprensa, eram divulgados rapidamente, o papa excomungou-o em 3 de janeiro de 1521. Para saber mais detalhes desse importante acontecimento histórico, leia: Reforma Protestante.
Lutero, por sua vez, sofria com muita coisa que via na Igreja. Ele passou a realizar pregações, a partir de 1514, ficando conhecido como um bom pregador. O contato direto com os fiéis e a Igreja o fez questionar uma prática muito comum na época: as indulgências, a prática de pagar pelo perdão dos pecados e pela salvação.
A leitura da Bíblia levou Lutero a realizar novas interpretações da fé cristã e isso o levou a concluir que a salvação de cada pessoa era obtida pela fé, pois, de acordo com o texto bíblico, “o justo viverá pela fé”. Essa posição tornava a questão das indulgências mais absurda ainda aos olhos de Lutero e daí vinha sua revolta contra essa prática.
Por isso, Lutero redigiu um documento com uma série de comentários acerca das práticas da Igreja. Esse documento ficou conhecido como “95 teses” e deu início à Reforma Protestante. A ideia de Lutero nesse momento não era separar-se da Igreja, mas de reformá-la. A tradição protestante diz que Lutero pregou as 95 teses na porta da igreja de Wittenberg, mas os historiadores nunca provaram isso e acredita-se que as 95 teses teriam sido enviadas como carta para o arcebispo de Mainz, Alberto de Brendemburgo.
. A pregação das teses na porta da igreja de Wittenberg aconteceu em 31 de outubro de 1517.
Essa ação desencadeou uma disputa religiosa intensa no interior da Igreja Católica e resultou na excomunhão de Lutero, em janeiro de 1521, após anos de debates entre as autoridades da Igreja e Lutero. Nesse período, Lutero seguiu com seu trabalho e com seus estudos teológicos. Formulou o princípio das Cinco Solas, que são:
- Sola fide (somente a fé);
- Sola scriptura (somente a Escritura);
- Solus Christus (somente Cristo);
- Sola gratia (somente a graça);
- Soli Deo gloria (glória somente a Deus).
Dieta de Worms
Em 1521, o imperador Carlos V convocou Martinho Lutero para prestar esclarecimentos durante a Dieta de Worms. Nesse acontecimento, Lutero reforçou o que acreditava e negou-se a renegar o que havia dito e escrito desde 1517. Após a Dieta de Worms, ele foi autorizado para retornar a Wittenberg, mas acabou sendo condenado por heresia.
A participação de Lutero na Dieta de Worms acabou tornando sua mensagem mais popular ainda entre alguns nobres do Sacro Império. Lutero acabou sendo “sequestrado” por Frederico, o Sábio, príncipe da Saxônia, que o escondeu em seu castelo, localizado em Wartburg. Frederico, na verdade, estava protegendo Lutero de ser morto após a Dieta de Worms.
Durante o seu refúgio em Wartburg, Lutero acabou traduzindo a Bíblia para o idioma alemão, fazendo com que os textos sagrados ficassem acessíveis aos fiéis. Ele abandonou seu refúgio em Wartburg, no final de 1521 e retornou a Wittenberg onde continuou realizando sermões e aconselhando fiéis.
Vida pessoal de Martinho Lutero
Lutero abandonou o celibato, que marcava a vida daqueles que seguem a vida religiosa na Igreja Católica. Em 1525, ele casou-se com Catarina de Bora (Katharina von Bora), uma freira que abandonou seu convento com o advento da Reforma Protestante. Lutero e Catarina tiveram seis filhos: Hans, Elisabeth, Magdalena, Martin, Paul e Margarethe.
Martinho Lutero morreu no dia 18 de fevereiro de 1546, aos 62 anos de idade, por razões desconhecidas. Por toda a sua vida, Lutero teve a saúde debilitada por conta de diversos problemas crônicos, como a doença de Ménière. Acredita-se também que ele tinha problemas intestinais causados por uma enterocolite e que sofria com pedras nos rins.
95 teses de Lutero. Para acessar, clique aqui.
Por Daniel Neves
Professor de História
*Com informações: Brasilescola / história do mundo.