DIVÓRCIO & RECASAMENTO
Estou certo que as minhas palavras irão gerar inúmeros questionamentos e até revoltas. Mas, decidi falar um pouco sobre o tema divórcio e novo casamento (expressão essa que substituirei pelo termo recasamento). Prometo que serei fiel à minha consciência cristã, e me esforçarei para ser claro, objetivo e completo no que falarei.
Outra questão da qual estou certo é que não esgotarei o que tenho a dizer sobre o assunto apenas nesta edição, mas estarei pronto para responder questionamentos e dar novos esclarecimentos. Portanto, escrevam, comentem, ponderem, discordem e me ajudem no que puderem. Usem meu e-mail para isso: pastorjeanmax@me.com.
Ninguém é obrigado a casar
Sobre o tema casamento, a primeira coisa que quero falar é que nem todos estão obrigados a casar. Quando Deus disse que não é bom que o homem esteja só (Gn 2.18), não quis dizer com isso que ele é obrigado a casar. Ninguém é obrigado a casar, na verdade, casar não é para todos. Precisamos desconstruir a mística popular da alma gêmea, que ensina coisas como, por exemplo: “toda panela tem sua tampa”. Buscando encontrar a “tampa” da sua “panela”, muitos já experimentaram diversos parceiros em suas vidas e, com isso, acumularam problemas sobre seus ombros. Vejamos o que Paulo afirmou sobre casamento em alguns trechos de 1Co 7:
Vs 1b: Bom seria que o homem não tocasse em mulher;
Vs 7: Porque eu queria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra.
Vs 8: Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.
Vs 27b: Estás livre de mulher? não busques mulher.
Vs 28: Mas, se te casares, não pecas; e, se a virgem se casar, não peca. Todavia os tais terão tribulações na carne, e eu quereria poupar-vos.
Não vejo dificuldade para perceber que, nas palavras de Paulo, a solteirice é mais recomendada que o casamento; também não é difícil notar que sua opinião é claramente oposta à de Deus. Deus disse não é bom que o homem esteja só; Paulo disse bom seria que o homem não tocasse em mulher. Estamos diante de opiniões contrárias, mas não contraditórias, pois Deus é a inspiração de Paulo. As duas falas se complementam. O que vejo aqui é apenas Deus usando o apóstolo Paulo para esclarecer o que Ele pensa sobre casamento. E o que Deus pensa sobre casamento é que casamento é algo bom, mas nem todos estão aptos a participar disso.
Paulo compara o casamento a um dom (Vs. 7) e deixa claro que uns têm e outros não. Todos os dons de Deus respeitam três condições: nem todos têm os mesmos dons; ter o dom é ter uma bênção; ter o dom é ter um santo fardo para carregar. O uso dos dons nos proporcionará tribulação. Quem acreditar ter o dom de casar deve estar pronto para “sofrer as consequências” da vida a dois. Pois, quem sai na chuva é para se molhar; antes só do que mal acompanhado.
Paulo já apanhou muito por causa do que disse e talvez eu apanhe também, mas isso são ossos do ofício. Muitos pensam que Paulo era um solitário recalcado porque não tinha mulher e por isso legislou em causa própria, falando apenas por ele e não por Deus. Mas Paulo garantiu que “cuidava tem em si o Espírito de Deus” (1Co 7.40).
Outra pessoa que apanhou por causa do que pensava sobre casamento foi Jesus. Na famosa discussão que teve com os fariseus sobre o tema casamento (Mt 19.1-12 e Mc 10.1-12), Ele afirmou a mesma coisa que Paulo. As palavras de Jesus sobre o tema foram tão “severas” e tão estranhas ao pensamento tradicional que seus discípulos reclamaram dizendo: “se esta é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar”, diante do que o Mestre acrescentou: “nem todos estão aptos a isto, pois há homens que nasceram eunucos, outros foram feitos eunucos pelos homens e outros a si mesmo se fizeram eunucos por causa do Reino de Deus”. Visto que o eunuco é alguém inabilitado para o casamento, podemos reescrever esse texto trocando uma palavra pela outra e então teremos a seguinte ideia: alguns nasceram inabilitados para casar, outros foram inabilitados porque terceiros lhes impuseram essa condição e outros a si mesmos se inabilitaram para serem participantes do Reino de Deus.
Fechando esse ponto, temos uma primeira ideia sobre o divórcio: não case apenas para dar uma resposta à sociedade. Ninguém é obrigado a casar. Nem todos foram feitos para isso. Case apenas se for habilitado para tal empreendimento e estiver disposto a pagar o preço pelo seu dom. Caso contrário, viva sozinho e sirva a Deus com excelência, aí estará a sua felicidade. Segundo Jesus Cristo é possível ser feliz e realizado mesmo fora de um casamento. Fazer a vontade de Deus é nosso maior tesouro.
A minha experiência pastoral mostra que muitos que se casaram porque achavam que tinham que casar, hoje se arrependem profundamente do que fizeram e dariam tudo para voltar atrás e decidir diferente.
Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus
Eu disse que essa matéria iria gerar polêmica e reconheço que o título acima foi extraído de um contexto bíblico que não fala sobre casamento. Mas, para introduzir o que preciso falar a partir daqui, ele se encaixa perfeitamente.
O casamento é um jardim (Ct 4.16, 5.1 e 6.2), logo deve ser cuidado. Como o lavrador cuida da sua lavoura o jardineiro deve cuidar do seu jardim. Se o lavrador não pode desistir da sua lavoura sob a pena de ser reprovado para o Reino de Deus, assim também o jardineiro que desiste do seu jardim corre o risco de ter o mesmo destino. Quero falar mais sobre isso.
Desistir de um casamento significa por a própria salvação em risco e eu vou listar os porquês disso.
Primeiro, porque o divórcio significa desobediência a Deus – o que Deus uniu não o separe o homem (Mc 10.9). Aqui alguns irão questionar dizendo: “mas, e se não foi Deus quem uniu?”. Quanto a essa desculpa é bom lembrar o que Jesus disse: “tudo o que ligardes na terra será ligado no céu” – Mt 18.18a. Desobediência não combina com salvação.
Segundo, porque Deus odeia o divórcio – Ml 2.16: “Porque o Deus de Israel diz que odeia o divórcio… portanto… não sejais desleais”. Poupar-me-ei de comentar esse texto. Não há necessidade para tal.
Terceiro, porque o divórcio é uma quebra de aliança, a quebra de um pacto, a quebra de um voto. Ec 5.4-5 diz: “Quando a Deus fizeres algum voto… o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votares e não cumprires”. Não deve soar bem aos ouvidos de Deus, ver um casal que assumiu um pacto, no qual disseram “até que a morte nos separe”, tempos depois, resolver quebrar esse pacto (os votos do casamento), para viver como se nada de grave tivesse acontecido.
Quarto, porque o divórcio não apaga as marcas de um no outro. Quando vivemos a dois, marcamos e somos marcados pela outra pessoa. Não se foge disso. Às vezes essas marcas são filhos, às vezes essas marcas se traduzem em pensão judicial, às vezes essas marcas são fotos nos álbuns de amigos, às vezes essas marcas são prejuízos acadêmicos, financeiros ou profissionais, às vezes essas marcas são emocionais (ódio, decepção, tristeza, etc.). No mínimo, essas marcas se traduzirão em lembranças e comparações. A divorciada sempre vai ser a ex-mulher de fulano de tal e vice-versa. Jesus disse da samaritana que ela já tinha tido cinco maridos e o que ela tinha naquele momento não era dela. É bom frisar que Jesus não acusou aquela mulher de ser uma prostituta, como muitos afirmam. Ele disse que ELA TEVE CINCO MARIDOS, e o SEXTO NÃO ERA DELA. Se não era dela é porque na verdade, nas contas de Deus, aquele homem era marido de outra mulher, certamente, a que ele chamava de sua ex-mulher. As marcas dos primeiros maridos daquela samaritana ainda estavam sobre ela.
Quinto, porque o divórcio não desliga a pessoa do cônjuge deixado. Enquanto o cônjuge viver, a pessoa estará ligada a ele (Rm 7.2; 1Co 7.39). Não existe outra condição para o real desligamento; só a morte de um dos cônjuges desfaz a lei (o pacto, o voto) do casamento. O sexto marido da samaritana não era seu marido aos olhos de Cristo, porque sua ex-mulher ainda vivia.
Sexto, porque o divórcio é pecado. Diante de tudo que já vimos, não tenho outra conclusão. Se o divórcio é desobediência à vontade de Deus, se Deus odeia o divórcio, se o divórcio é uma quebra de um voto feito diante de Deus e, se o divórcio é uma opção inútil, visto que não me desliga do cônjuge, logo, o divórcio não pode ser outra coisa senão pecado.
Sétimo, porque o divórcio é um prato cheio para que se cometa outro grande e perigoso pecado: O RECASAMENTO.
Se optar pelo divórcio já é pecado, o que não podemos dizer sobre o recasamento?Quanto a isso, vou fazer minhas considerações na próxima edição, se Deus me permitir. Enquanto isso, ficarei esperando pelas suas observações acerca do assunto.
Pr Jean max
1 Comment
Então diante de um casamento fracassado a pessoa é obrigada a viver tristemente o resto de sua vida? Só porque casou? e bem intencionado tentou viver bem, mas que no fim viu que o casal não mais se davam bem? não se entendem mais? Deus quer isso para nós? vivermos tristes. Pois um relacionamento mal sucedido, nos traz desânimo, tristeza, falta de coragem pra enfrentar os desafios da vida. Acho que Deus quer ver seus filhos felizes e, nada mais tedioso e lamentável do que viver um casamento ruim. Viver só de aparência, pros outros como se tudo estivesse bem, mas dentro de casa só tristeza, falta de compreensão, falta de amor, de carinho. Não concordo que seja assim. Casou.. pronto se não der certo você está fadado a viver amargurado pro resto da vida…Isso não é do meu entendimento.