ABUSO ESPIRITUAL: PREVINA-SE
“Por isso escrevo estas coisas estando ausente, para que, quando eu for, não precise ser rigoroso no uso da autoridade que o Senhor me deu para edificá-los, e não para destruí-los.” II Cor. 13.10
Toda vez que um líder espiritual, no exercício de sua liderança, excede manifestamente, ou seja, vai alem dos limites delimitados pelos parâmetros da ética, da boa fé e da própria Palavra de Deus, comete o que chamamos de ABUSO ESPIRITUAL.
O ABUSO ESPIRITUAL se caracteriza quando alguém, em nome de Deus, usa de seu poder e influência, para manipular as pessoas, levando-as a obedecê-lo CEGAMENTE, a fim de alcançar seus interesses próprios, usando para tanto, entre outros expedientes, o medo, a intimidação, caracterizadas por frases como: “não toque no ungido do Senhor” ou “Cuidado ao sair de nossa igreja, Deus vai pesar a mão sobre você”; “Você ofendeu a minha autoridade”, etc.
O campo fértil para este tipo de abuso encontra-se na IGNORÂNCIA das pessoas, ou seja, quanto mais ignorantes forem as pessoas, mais fácil de serem manipuladas.
Lideres que praticam ABUSO ESPIRITUAL normalmente confundem AUTORIDADE com AUTORITARISMO.
Muitas são as vítimas do ABUSO ESPIRITUAL e que hoje estão “feridas em nome de Deus”, sofrendo com traumas causados pelo abuso da confiança depositada de boa fé em tais lideres que falaram em nome de Deus sem a devida legitimidade;
Via de regra, pessoas que passam por situações dolorosas com estas, são propensas a rejeitar qualquer outra possibilidade de inserção em outro grupo ou liderança espiritual, e acabam transferindo sua decepção ou revolta para o próprio Deus, engrossando as fileiras dos chamados “desigrejados”. Este fenômeno é real e sério e não podemos ignorá-lo. Muitos, no entanto, preferem adjetivar todos os “desigrejados” com a pejorativa pecha de “desviados”, incutindo-lhes para seu maior sofrimento um sentimento de culpa pelo seu estado, ignorando muitas vezes seus legítimos sentimentos, muitas vezes rotulados covardemente de “meros caprichos”. Para muitos, é mais fácil apresentar uma justificativa simplista como essa a encarar e tratar o problema que é real.
Segundo Ronald M. Enroth, americano, sociólogo da religião, que escreveu um livro a respeito do abuso espiritual (Churches that abuse), após horas e mais horas de depoimentos de ex-membros de grupos religiosos dos EUA, estas são algumas das características do líder que pratica ABUSO ESPIRITUAL:
1 – DISTORÇÃO DA ESCRITURA: Para defender os abusos, usam de doutrinas do tipo “cobertura espiritual” ou “autoridade espiritual”,. O que o líder ensina é aceito sem muito questionamento no grau absoluto e nem sequer é dado às pessoas o direito de verificar nas Escrituras se as coisas são mesmo assim, ao contrário do bom exemplo dos bereanos (Atos 17.11);
2. LIDERANÇA AUTOCRÁTICA: “Discordar do líder é discordar de Deus”. Trata a igreja como se fosse sua, e não de Deus, agindo como um verdadeiro déspota como foi o caso de Diótrefes narrado na 3 Epistola de João, versos 8 e 9;
3. ISOLACIONISMO: O líder que pratica ABUSO ESPIRITUAL possui um sentimento de superioridade. Acredita que possui a melhor revelação de Deus. Só ele é bom, o restante é tudo incompetente. O líder autoritário é solitário. Não se relaciona com outros ministérios;
4. CONTROLE DA VIDA ALHEIA – Controlam com quem os liderados podem namorar, se podem ou não ir à praia, se devem ou não se mudar, para onde devem se mudar. Lideres autoritários adoram controlar, utilizando os mais sórdidos artifícios, se necessário for, como “profetadas” e coisas do gênero;
5. REJEIÇÃO DE DISCORDÂNCIAS: Não existe espaço para o debate teológico. A interpretação seguida é a dos lideres. É praticamente a doutrina da infalibilidade papal. Qualquer crítica é sinônimo de rebeldia e insubmissão. Este é considerado um dos pecados mais graves. Quem pensa diferente é convidado a se retirar. Quem aponta um erro é confundido com o próprio erro;
6. SAIDA TRAUMÁTICA: Quem se desliga de um grupo destes, geralmente sofre com acusações de rebeldia, de falta de visão, egoísmo, preguiça, comodismo, etc. Os que permanecem no grupo são instruídos a evitar influências dos rebeldes, que são desmoralizados. Os desligamentos são tratados como uma limpeza que Deus fez, para provar quem é fiel ao sistema. Muitas vezes relacionamentos são cortados e até famílias são prejudicadas apenas pelo fato de alguém não querer mais fazer parte do mesmo grupo ditatorial.
Reconhecemos que a maioria dos líderes evangélicos são homens sérios e comprometidos com o Reino. Não é nossa intenção desqualificar a liderança ou sugerir que alguém não deva se submeter a seus pastores, o que é um dever do cristão a luz do que está registrado em Hebreus 13.7. Não devemos, todavia, olvidar a parte “b” do versículo (normalmente omitida pelos líderes autoritários), onde se diz que os pastores devem velar (cuidar) de suas ovelhas e que os pastores darão conta, ou seja, naquele dia o Sumo Pastor dirá: Você que falou tanto de amor, amou a todas as minhas ovelhas ou somente aquelas que lhes convinha? Você que falou tanto de perdão, perdoou? Você buscou a ferida, a fraca, a desgarrada? Você olhou as minhas ovelhas como ovelhas ou como contribuintes? Você usou da autoridade que te deleguei ou abusou dela?
Se você é um líder que abusa espiritualmente, arrependa-se, antes que o juízo de Deus venha sobre você e “das suas mãos Deus demande Suas ovelhas livrando-as de sua boca”
Se você foi vitima de abuso espiritual, eu compreendo sua dor mas não desanime: Ainda há um remanescente fiel. Se você está lendo este artigo é porque Deus tem cuidado de você. E Assim diz o Senhor: “Vós sois minhas ovelhas, ovelhas do meu pasto; homens sois, porém Eu sou o vosso Deus, diz o Senhor Deus”. Ele “não esmaga a cana quebrada e nem apaga o pavio que fumega”.
Base Bíblica: Ezequiel 34; Mt. 21:12–13; Mc. 11:15–18;Lc. 19:45–47; Jo. 2:13–16; Mc. 3.1-5; Mateus 23;
POR: JOSÉ WELLINGTON FAGUNDES MARINS
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