Não deixe sua casa vazia
Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí. E, chegando, acha-a varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro. Lucas 11:24-26
Na vida diária, não basta combater os maus pensamentos, refrear os costumes antigos e deixar a alma limpa, varrida, ornamentada, porém vazia. A alma vazia está em perigo. Não basta ser liberto do mal, devemos enchê-la de Deus. O diabo nos ataca com mais eficácia quando nossa casa está vazia.
Quando Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo, este o tentou por quarenta dias (Lc. 4: 2). Depois que Jesus venceu todas as tentações, Lucas faz um comentário muito importante: “Passadas que foram as tentações de toda sorte, apartou-se dele o diabo, até momento oportuno” (Lc. 4: 13). Não foi somente nessa ocasião que Jesus foi atacado pelo inimigo. Isso ocorreu durante todo o seu ministério.
O inimigo está sempre procurando oportunidade para contra-atacar. Ele deseja uma brecha em nós para reconquistar o terreno que perdeu, a vida que não é mais sua. Ele não desiste, sempre nos atacando com o mesmo cardápio: ao ex-fumante ele o tenta com o tabagismo; ao ex-alcoólatra com o álcool; ao ex-homossexual a voltar a uma relação homoafetiva; ao ex-devasso com a devassidão.
Com o que não podemos encher a nossa casa:
1º. Com uma religião legalista. A religião legalista nos mostra uma lista infindável do que é proibido, sendo apenas uma religião de mandamentos humanos. Essa religião pode até limpá-lo por um certo tempo, mas nunca poderá mantê-lo limpo. Uma fé legalista gera repressão e essa repressão, em geral, leva a uma perversão. Mandamentos repressivos nos levam à perversão e nos torna presa fácil do inimigo.
2º. Um espírito de religiosidade. A religiosidade nos leva a valorizar a aparência, a pseudoespiritualidade em detrimento do caráter e faz com que a pessoa assuma um forte espírito de superioridade espiritual. Dessa forma, em seu íntimo, sente-se mais espiritual que todos os outros, não acolhendo a necessidade do próximo. O religioso traça uma meta de ser justo de tal maneira e rejeitar o pecado a tal ponto que acaba rejeitando também as pessoas que pecam e se arrependem. Entretanto, ele julga os outros ao duvidar do arrependimento alheio. A parábola do fariseu e do publicano ilustra bem isso: “O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano” (Lc. 18: 11). Existe um alto índice de pecados morais entre os contaminados pelo espírito de religiosidade. A pornografia, geralmente, é uma “válvula de escape” daqueles que são excessivamente rígidos com a aparência. O religioso valoriza os mais altos padrões éticos e morais, mas não consegue mais amar ao próximo.
Agora destacaremos com o quê precisamos encher a nossa casa:
1º. Devemos encher a nossa vida com o Espírito Santo. A bíblia nos diz que somos selados com o Espírito (Ef. 1: 13) e que não devemos entristecê-lo (Ef. 4: 30). Além disso, é o Espírito Santo quem nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo. 16: 8); opera em nós o novo nascimento (Jo. 3: 5); intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm. 8: 26); nos batiza no corpo de Cristo (I Co. 12: 13); testifica em nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm. 8: 16). Podemos ser tudo isso e ainda assim não termos a plenitude do Espírito Santo. Em Efésios 5: 18b a bíblia nos dá uma ordem: … mas enchei-vos do Espírito”. Esse versículo não é uma sugestão; ele é um mandamento. Não ser cheio do Espírito é pecado! Além disso, essa ordem é endereçada à totalidade da comunhão cristã: não há barreiras de faixa etária, gênero e social. Embora seja uma ordem, está na voz passiva. Ou seja, ninguém pode encher a si mesmo do Espírito. O sentido desta ordem não é o quanto do Espírito nós temos, mas o quanto o Espírito tem de nós. Ser cheio do Espírito é submeter-se à sua autoridade, influência e poder. O versículo descreve uma ação contínua. Precisamos diariamente sermos cheios do Espírito. Só que além da ordem, Paulo nos diz como sermos cheios do Espírito: “falando entre vós com salmos…” (Ef. 5: 19a). Devemos ter comunhão uns com os outros, sem intrigas, ciúmes, amargura, inveja. Temos de abençoar a vida do próximo. Encha a vida do seu cônjuge; seja uma pessoa amável, motivadora, sábia. A melhor blindagem numa relação é ser parceiro, companheiro. Encha a vida dos seus filhos; brinque com eles, abrace, motive, seja amigo, seja carinhoso. Encha a sua vida; ame-se, valorize a sua essência, expulse o desânimo.
2º. Encha a sua casa de pessoas queridas. Cerque-se de pessoas de Deus, que te amam e que podem acrescentar algo de bom na sua vida e na vida de sua família. Abençoe pessoas, cuide e proteja, porque gente protege gente.
3º. Encha a sua casa da Palavra. A nossa mente precisa estar ocupada com a Palavra. Somente com ela vencemos os maus pensamentos. Em Colossenses 3: 2; Paulo diz: “Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra”. Muitas vezes estou tão agarrado com as coisas da Terra que não aspiro as coisas do céu.